O Sexo no Casamento Evangélico Segundo a Ética Cristã 

No casamento, os impulsos sexuais podem ser satisfeitos sem que se incorra em atos pecaminosos. 

No entanto, o casamento não é autorização para a prática de atos pervertidos, devassidão ou escravidão sexual de um cônjuge sobre o outro. 

Ainda que o casamento seja um inibidor de práticas moralmente ilícitas, percebe-se na cultura pós-moderna o enfraquecimento de sua eficácia no combate à imoralidade. 

A antiga lei moral exigia a abstinência extraconjugal por temor de uma gravidez indesejada, doenças sexualmente transmissíveis ou medo de ser descoberto e ter a reputação manchada.

Atualmente, esses antigos fatores de inibição das relações extraconjugais sofreram mutações: “a pílula reduziu grandemente o primeiro temor, as drogas modernas o segundo e as mudanças sociais o terceiro” (HOLMES, 2013, p. 128). 

Contudo, para o cristão, o propósito divino para o casamento não pode ser alterado e seus princípios devem ser observados por todos e em todos os lugares.

Passagens

1. Prevenção contra a Fornicação

A fornicação está relacionada ao contato sexual entre pessoas solteiras. 

Para prevenir esse pecado, o apóstolo Paulo orienta os cristãos a se casarem (1 Co 7.2, ACF). 

Os ensinos de Paulo ratificam o propósito divino do casamento: “uma mulher para cada homem” (Gn 2.24). 

Esse princípio também foi defendido por Jesus: “deixará o homem pai e mãe e se unirá à sua mulher” (Mt 19.5).

Desse modo, a legitimidade cristã para a satisfação dos apetites sexuais entre um homem e uma mulher restringe-se ao casamento monogâmico (1 Co 7.9).

Toda prática sexual realizada fora desses moldes constitui-se em sexo ilícito.

O sexo pré-matrimonial

Nos textos vetero-testamentários, a fornicação ou o sexo pré-matrimonial eram punidos severamente. 

Se um marido descobrisse após o casamento que sua esposa não era virgem, o caso seria levado aos anciãos da cidade, que conduziriam a mulher até a porta da casa de seu pai e os homens a apedrejariam até a morte (Dt 22.20,21).

Na lei mosaica, também estavam previstas outras punições para os casos de sexo pré-matrimonial (Êx 22.16,17; Dt 22.23,24).

Se a moça fosse violentada e não pudesse fazer nada para evitar o ato sexual ilícito, ela seria inocentada e o seu agressor seria apedrejado (Dt 22.25-27).

O Novo Testamento mantém a fornicação e o sexo pré-matrimonial como pecado (1 Ts 4.3).

No entanto, a pena de morte física não é aplicada; a punição é na esfera espiritual que implica morte eterna (Tg 1.15).

O problema da incontinência sexual

Ao tratar das questões de imoralidade sexual e o comportamento cristão no casamento, o apóstolo Paulo fazia frente a dois movimentos presentes na igreja de Corinto. 

O primeiro era formado pelos libertinos ou antinomianos e o segundo era partidário do asceticismo. 

Os libertinos ensinavam que não existe problema algum com o uso do corpo, isto é, o que alguém faz com o corpo é moralmente indiferente. 

Os adeptos do ascetismo de modo geral consideravam que o corpo é inerentemente mau e que cada um deve afligir e castigar seu próprio corpo negando-lhe qualquer prazer físico.

Logo depois de escrever condenando a fornicação, Paulo também ensina à igreja que, após casados, o marido e a mulher não podem negar o prazer sexual ao seu cônjuge, pois ambos têm o dever mútuo de satisfazerem-se e manterem a fidelidade matrimonial (1 Co 7.3). 

Por essa razão, as Escrituras explicam que o corpo do homem está sob o domínio da sua esposa e o que o corpo da mulher está sob o domínio do marido (1 Co 7.4).

Isso significa que o corpo do marido só pode buscar prazer e satisfação sexual no corpo de sua esposa, e vice-versa. 

Desse modo, ratifica-se a união monogâmica e heterossexual e reafirma-se a condenação das demais práticas como imoralidade sexual.

Em seguida, o texto bíblico alerta que a privação ou abstinência sexual dentro do casamento pode ser usada pelo Adversário como meio de tentação para as práticas sexuais ilícitas (1 Co 7.5). 

Por isso, o texto orienta os casais a não privarem um ao outro do ato sexual, exceto de comum acordo e temporariamente para algum propósito espiritual.

O casal não deve ser ingênuo a ponto de imaginar que não serão tentados ou traídos por seus impulsos sexuais. 

Deus instituiu o casamento tanto para a procriação quanto para evitar o pecado da imoralidade por meio do prazer mútuo entre marido e mulher.

2. O Casamento e o Leito sem Mácula

As Escrituras ensinam que o casamento é digno de honra (Hb 13.4) e que a união conjugal deve ser respeitada por todos (Mt 19.6). 

O leito conjugal não pode ser maculado por ninguém. Quem o desonrar não escapará do juízo divino (Hb 13.4b). 

Aqui a desonra refere-se ao uso do corpo para práticas sexuais ilícitas com ênfase nos casos de relações extraconjugais (1 Co 6.10).

Inclui também as relações conjugais resultante de divórcios e de segundo casamentos antibíblicos (Mt 19.9). 

Embora, muitas vezes, os imorais escapem da reprovação humana, não poderão fugir da ira divina (Na 1.3). 

A práxis da sociedade e a condescendência de muitas igrejas não invalida a Palavra de Deus.

O modelo bíblico de casamento

Pallister define o casamento como “ato público em que a pessoa deixa a primeira família em que cresceu para se unir, pelo resto de sua vida, com uma pessoa do sexo oposto com a finalidade de constituir uma nova família” (PALLISTER, 2005, p. 168). 

Esta conceituação constitui um ato de obediência ao ensino bíblico: “Por essa razão, o homem deixará pai e mãe e se unirá à sua mulher, e eles se tornarão uma só carne” (Gn 2.24, NVI).

Nos registros bíblicos, é possível identificar que, ao menos em alguns casamentos, a união conjugal era precedida pelo sentimento de amor. 

Jacó amava tanto a  Raquel que nem viu o tempo passar enquanto trabalhou durante sete anos para pagar o dote dela (Gn 29.18,20). 

Mical amava tanto a Davi que o ajudou a fugir, livrando-o da morte certa, e não temeu a ira de seu pai Saul (1 Sm 18.20,28; 19.11-17). 

Dessa maneira, o modelo bíblico não se restringe à procriação, mas também inclui o romantismo e o ato sexual como fonte de satisfação e prazer.

O catolicismo classificou o casamento como sacramento — rito sagrado instituído para dar, confirmar ou aumentar a graça.

Os teólogos da Reforma Protestante entenderam que o casamento não é um sacramento, e sim uma aliança, isto é, o casamento não é apenas um ato formal, mas “uma aliança, assumida diante de Deus, de natureza permanente e fonte de conforto e alegria ao longo de toda a vida” (PALLISTER, 2005, p. 174).

Em consequência, o amor é um princípio moral do casamento. Porém, o amor não é o único; a justiça é igualmente princípio relevante para a união matrimonial.

A justiça requer igualdade para todos e se manifesta contra o abuso sexual de qualquer parte. 

A Declaração de Fé das Assembleias de Deus, ao tratar dos propósitos do matrimônio, descreve o seguinte:

O casamento tem por propósitos: a instituição da família matrimonial; compensação mútua do casal; a procriação; o auxílio mútuo e continência e satisfação sexual.

Entendemos que o homem é unido sexualmente à sua esposa, como resultado do amor conjugal, não só para procriar, mas também para uma vivência afetuosa, agradável e prazerosa. (SOARES, 2017, p. 204).

Diante destas assertivas, deve-se reconhecer que o casamento monogâmico entre um homem e uma mulher é o modelo bíblico para escapar da impureza sexual. 

Também é possível perceber que Deus, ao criar o ser humano à sua imagem e semelhança, os fez macho e fêmea (Gn 1.27) demonstrando a sua conformação heterossexual.

E, ainda, que a diferenciação dos sexos visa à complementaridade mútua na união conjugal.

Leito sem mácula

A expressão “leito sem mácula” é um eufemismo usado para suavizar os aspectos que envolvem a intimidade, o erotismo, os desejos e as relações sexuais entre o marido e a esposa no contexto da união matrimonial. 

O leito conjugal não pode ser manchado pela imoralidade sexual. 

Aqui estão incluídos como transgressão os pecados sexuais cometidos dentro ou fora do casamento. 

O sexo e a sexualidade são atos da criação divina, e não podem ser tratados como algo pecaminoso e nem como mero elemento de procriação ou fonte de prazer. 

Cabe ao cristão cumprir o propósito estabelecido por Deus para a sexualidade (Gn 2.24). 

Aqueles que contaminam o casamento ao ultrapassar os limites divinamente instituídos para o ato sexual devem estar certos de que enfrentarão um severo juízo (Hb 13.4).

Bibliografia: Valores Cristãos Enfrentando as Questões Morais do Nosso Tempo

Autor: Douglas Baptista

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